quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Lagoa da Pampulha - Belo Horizonte, MG: Natal "encoberta" a realidade

Estive no final de 2007 e início de 2008 em um dos pontos turísticos de Belo Horizonte (BH), capital de Minas Gerais, a região da Pampulha. Nessa área existem obras arquitetônicas de Oscar Niemeyer (Igreja São Francisco de Assis, Casa do Baile, Museu de Arte e Iate Tênis Clube), além de outras belezas naturais e humanizadas como o Zoológico, Jardim Botânico, estádio Mineirão, ginásio Mineirinho... ufa!!!! É realmente o local a ser visitado pelos turistas que vêm a BH.
Também é destaque na região a Lagoa da Pampulha, artificial, e que foi construída no final da década de 1930 com o objetivo de abastecer a região Norte de Belo Horizonte (hoje já não desempenha mais esse papel) e amenizar os efeitos da chuva . Para as comemorações de Natal de 2007 foi inaugurada uma enorme árvore de natal que flutua nas águas da lagoa e que se tornou a maior atração das comemorações natalinas dos belorizontinos... eu, inclusive, fui até lá para ver e, realmente, ficou muito bonita, toda iluminada, enfim....

No entanto, ao andar pela orla da lagoa para ver a tal árvore, não pude deixar de observar um problema (tenho a impressão de que o enorme contingente de pessoas que visitou essa parte da cidade nesses dias não pode ou não conseguiu perceber, ainda mais que era noite, portanto, escuro). Mas, qual é esse problema? A sujeira das águas, fruto do lixo e do esgoto jogados ali. Tirei algumas fotos para comprovar isso e estão logo abaixo:

Ao fundo a árvore de natal flutuante na Lagoa da Pampulha e em primeiro plano os canos para lançamento de esgoto nas águas da lagoa. (Foto tirada por Paulo Braga - 02/01/2008)


Lixo nas águas da Lagoa da Pampulha (Foto tirada por Paulo Braga em 02/01/2008)

Ora, a degradação ambiental da região é uma questão que remonta já à década de 1940, principalmente em virtude da poluição dos ribeirões e córregos que desaguam na lagoa. Esses cursos d´água fazem parte da Sub-Bacia da Pampulha, integrante da Bacia do Rio das Velhas e, portanto, da Bacia do Rio São Francisco. Há, porém um agravante: as águas dos cursos d´ água que formam a lagoa percorrem dois municípios: Contagem e, é claro, Belo Horizonte. Como lidar com o problema em Belo Horizonte, se a origem não está restrita apenas aos limites do município?
A solução passa pelo conceito de gestão metropolitana, ou seja, a tentativa de pensar em conjunto as soluções para os problemas urbanos dos municípios que compõem a região metropolitana, no caso, a de Belo Horizonte (RMBH), da qual Contagem faz parte. É uma questão fácil? Claro que não! No entanto, é urgente e, infelizmente, não passa apenas pela resolução de problemas ambientais, mas também de saúde, saneamento básico, transporte, enfim...

Caso Renan Calheiros "encerrado": vergonha 2

Em um discurso "emocionado" Renan Calheiros renunciou no dia 04 de dezembro de 2007 à presidência do Senado Brasileiro.

No mesmo dia o senador foi absolvido das acusação de usar laranjas para comprar um grupo de comunicação em Alagoas. Se fosse condenado perderia o mandato, mas não foi o caso, já que foi acobertado por seus colegas de parlamento.

Uma vergonha para esse governo e para o país: credibilidade zero!!

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Brasil: país desenvolvido?

Foram divulgados no final do ano passado (2007) os novos dados do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) mundial. Nesse novo ranking o Brasil passou a ser classificado como um país com alto grau de desenvolvimento. Mas, será mesmo? O que pode estar por trás desses dados?

Antes de responder a essas perguntas, é importante lembrar como o IDH é calculado, ou melhor, essa taxa leva em consideração quais variáveis?

O índice é calculado com base em dados que possam revelar o desenvolvimento econômico e social de um país, estado, região ou município. Dentre esses dados estão: a longevidade (ou expectativa de vida ao nascer, considerando as condições de moradia, saúde e alimentação); o grau de conhecimento (taxa de alfabetização de adultos e a taxa de matrícula nos três níveis de ensino – fundamental, médio e superior); o PIB per capita (produto interno bruto dividido pelo número de habitantes , considerando o poder de compra da população).

Após vários cálculos chega-se a um número entre 0 e 1. Quanto mais próximo de 1, melhores condições sócio-econômicas esse país possui; quanto mais próximo de 0, piores condições.

Para um país ser classificado como desenvolvido de acordo com o IDH é preciso ter uma taxa entre 0,800 e 1. É o caso do Brasil no último IDH revelado - 2007, tendo como base dados do ano de 2005 - o país alcançou 0,800. Um país apresenta médio desenvolvimento quando seu IDH está entre 0,500 e 0,799 e baixo desenvolvimento com um índice entre 0 e 0,499.

No entanto é preciso voltar às duas indagações iniciais: O Brasil realmente já pode ser considerado um país desenvolvido? O que está por trás desses dados relativos ao IDH?

Quando se analisa em separado cada um dos dados os quais são necessários para o cálculo do IDH, basicamente, PIB per capita (economia), expectativa de vida (saúde) e alfabetização e escolaridade (educação), percebe-se que o Brasil apresentou avanços significativos na renda per capita. No entanto, esse é um dado ilusório, visto que envolve toda a renda produzida internamente no país dividido pelo número total de habitantes. Ora, esse dado mascara o grande abismo social que existe no Brasil, fato comprovado pela enorme desigualdade social e concentração de renda, situação já histórica (infelizmente). Resumindo, do que adianta ocorrer um aumento da renda per capita se isso não se traduz efetivamente em desconcentração de riqueza e, consequentemente, melhorias para a grande massa da população brasileira?


Nas outras duas variáveis, mais ligadas aos aspectos sociais (educação e saúde) o Brasil pouco avançou. Segundo o economista brasileiro Flávio Comin, assessor especial para Desenvolvimento Humano da ONU e um dos autores do relatório de desenvolvimento humano, alguns dados relacionados à saúde e educação do Brasil deixam muito a desejar, como por exemplo a mortalidade infantil. Segundo ele, a média brasileira de 31 mortes por mil crianças nascidas é maior do que na maior parte da América Latina, mas o indicador mais preocupante é a desigualdade entre as camadas mais ricas e mais pobres da população.
Enquanto entre os 20% mais ricos a mortalidade infantil é de 29 por mil, entre os 20% mais pobres salta para 83 por mil. Quer dizer, mais uma vez está refletida a enorme desigualdade social brasileira.


Como o país pode ser considerado como de alto desenvolvimento humano se ainda existem essas mazelas sociais e econômicas??? Sendo assim, termino essa postagem com algo que sempre tento passar em minhas aulas: temos que ter consciência crítica para analisarmos determinados dados, taxas, índices, notícias, discursos políticos....