terça-feira, 25 de outubro de 2011

Chechênia e Ossétia do Norte: parte do território russo no Cáucaso

Com relação ao território russo no Cáucaso, como já foi dito, ele é formado por 8 repúblicas e regiões autônomas, dentre elas a Chechênia, o Daguestão e a Ossétia do Norte.

A Chechênia é formada, basicamente, por uma população que segue a religião islâmica. Devido à abundância de petróleo na região a república é uma área estratégica, visto que para se levar o “ouro negro” das enormes reservas do Azerbaijão, para o Mar Negro através do território russo, o caminho mais indicado para o escoamento do produto é um oleoduto que passa pelo território checheno. Sendo assim, é um local de passagem da Europa para a Ásia.

Os chechenos proclamaram sua independência sua independência da Federação Russa em 1991. No entanto, o governo de Moscou não a reconheceu e, em dezembro de 1994 ordenou uma intervenção militar. A possível independência da Chechênia abriria um pretexto para que as outras repúblicas também se tornassem independentes, o que acarretaria um “efeito dominó” e uma possível desintegração do território russo.

Vários atentados foram praticados pelos fundamentalistas chechenos na Rússia, culminando com a morte de milhares de pessoas, militares e civis. Em contrapartida o exército russo promoveu também um enorme massacre em vários pontos da região a fim de tentar enfraquecer a revolta: Grozni, a capital, local dos principais combates, foi virtualmente arrasada.

Um episódio que merece destaque é o que ocorreu em Moscou, capital da Rússia, em outubro de 2002 quando fundamentalistas chechenos invadiram um importante teatro nessa cidade, fazendo mais de 800 reféns e exigindo que o governo retirasse suas tropas da Chechênia. Depois que dois espectadores foram mortos, forças especiais russas invadiram o teatro, usando um gás extremamente tóxico para imobilizar os rebeldes. Resultado: cerca de 50 rebeldes são mortos, mas a substância também causa a morte de 127 espectadores que haviam sido pegos como reféns.

Em março de 2003, Moscou organizou um plebiscito na Chechênia e 95% dos votantes decidiram que a república deveria continuar fazendo parte da Rússia. Os rebeldes chechenos, que boicotaram o plebiscito acusaram Moscou de fraudar o resultado da votação.

Em maio de 2004, o então presidente checheno é morto em um atentado. No passado ele havia sido a favor da libertação da Chechênia, mas logo após ascender ao poder, passa a combater os grupos terroristas, o que pode ter feito aflorar um sentimento de revolta entre esses grupos, culminando no atentado. Logo após a morte do presidente o seu filho é indicado para suscedê-lo.

Após os atentados de 11 de setembro de 2001, o presidente russo Vladimir Putin vem se aproveitando da chamada “guerra ao terror” instituída pelo governo Bush, para identificar, sempre que possível, em seus discursos e entrevistas, todos os separatistas chechenos ao fundamentalismo islâmico global. Com isso, tem aprofundado a repressão e reduzindo as pressões internacionais contra a violação sistemática dos direitos humanos.

Por outro lado, os terroristas chechenos têm tomado o lugar dos líderes políticos separatistas, promovendo, em 2004, vários atentados suicidas, como os do metrô de Moscou (fevereiro), os que derrubaram dois aviões russos (agosto) e a bárbara invasão de uma escola na Ossétia do Norte (setembro).

A Ossétia do Norte é uma das repúblicas russas localizadas na região do Cáucaso. No início do mês de setembro de 2004, rebeldes chechenos invadiram uma escola em Beslan, uma cidade com pouco mais de 30.000 habitantes, a fim de exigirem a retirada das tropas russas da Chechênia e a libertação de todos os terroristas presos.

Depois de dois dias de negociação e de algumas mortes confirmadas, ocorre uma ação das forças de segurança da Rússia com o intuito de libertar mais de mil reféns, a maioria crianças e jovens, mantidos pelos extremistas. Entretanto, tal ação resultou na morte de cerca de 400 pessoas, entre estudantes, professores e pais de alunos.

Após a invasão, todos os terroristas acabaram sendo capturados ou mesmo mortos, mas a comoção e a tristeza tomaram conta não só da Ossétia do Norte, como também de toda a Rússia e, porque não, de todo o mundo. Alguns críticos e estudiosos chegaram a comparar esse episódio trágico da história recente russa aos atentados de 11 de setembro nos EUA.

Por enquanto, os problemas separatistas na Rússia não têm solução a curto prazo, principalmente se os terroristas continuares a agir com tanta frequência e com o alto grau de crueldade como se tem visto nos últimos anos.

A Rússia e a região do Cáucaso

A Federação Russa é o maior país do mundo em extensão e era uma das muitas repúblicas da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) que se desintegrou no final da década de 1980 e início da de 1990. Por ter uma grande extensão territorial, a Rússia ocupa terras de dois continentes: Ásia e Europa, mas a maior parcela fica no primeiro.

O país, por ter uma enorme área, apresenta também uma significativa diversidade étnica (mais de 100 grupos) e religiosa (cristãos, muçulmanos, etc), que se expressam em seus vários “estados” ou repúblicas.

Uma das repúblicas mais problemáticas do ponto de vista da manutenção em território russo é a Chechênia, formada por uma população majoritariamente muçulmana (islâmica). Essa república declarou independência em 1991, fato que não foi recebido com bons olhos pela Rússia que passou a investir pesado em ataques militares na área.

Antes de falarmos com detalhes desse problema na Chechênia, é importante conhecer a região onde fica essa república e que está localizada na porção europeia da Rússia: a região do Cáucaso.


Região do Cáucaso

O Cáucaso é uma área montanhosa que apresenta grande complexidade étnica, nacional, religiosa e linguística. De forma genérica, o Cáucaso se estende por uma área que envolve conjuntos montanhosos, planaltos e vales fluviais compreendida entre os mares Negro e Cáspio.

Quanto aos Estados localizados na região pode-se fazer a seguinte separação: a parte sul, compreende a Geórgia, a Armênia e o Azerbaijão, países conhecidos como repúblicas do Cáucaso e que, até 1991, fizeram parte da antiga União Soviética. Com a desintegração da URSS, tornaram-se independentes e hoje são filiadas à Comunidade dos Estados Independentes (CEI); na porção norte, encontram-se 8 repúblicas e regiões autônomas que fazem parte da Federação Russa, dentre elas a República da Chechênia, o Daguestão e a Ossétia do Norte. Observe o mapa para entender melhor:

Províncias separatistas do Cáucaso
(http://migre.me/5ZxQe)


A Geórgia, a Armênia e o Azerbaijão são países que atualmente apresentam uma economia em fase de transição: só antigo modo de produção socialista para o capitalista. Alguns problemas são comuns a todos os três países, como a corrupção generalizada dos governos, o narcotráfico e a prostituição.

Recentemente, no ano de 2003, o então presidente da Geórgia, Eduard SheShevardnadze renunciou, deixando seu lugar interinamente para Nino Burdjanadaze, de 39 anos, a ex presidente do Parlamento do país. Uma das primeiras afirmações da nova presidente foi que o objetivo da Geórgia era “ser membro da família europeia, membro da aliança euroatlântica”.

Tal afirmativa é uma clara demonstração de que a Geórgia, como uma das antigas repúblicas soviéticas, está tentando transitar do antigo modo de produção socialista para o capitalismo e, acima de tudo, se inserir na nova ordem mundial marcada pela globalização. Para tanto, tem a pretensão de adentrar um dia na União Europeia, um dos principais e mais bem estruturados blocos econômicos do mundo atual.

Já o Azerbaijão, assim como a maior parte da região do Cáucaso, conta com boas reservas petrolíferas. No entanto, esse país não tem acesso a mares abertos e o petróleo extraído na região de Baku (a capital), junto ao Mar Cáspio (um mar fechado), tem que ser escoado através de oleodutos para mares abertos mais próximos, como o Negro e o Mediterrâneo.

Até 1991, o problema do escoamento praticamente não se colocava, visto que o petróleo era produzido no país, então uma das repúblicas da URSS e, portanto, os oleodutos e os portos que escoavam o produto estavam em território soviético.

Com a desintegração da URSS, o Azerbaijão ficou independente e passou a ser dono de seu petróleo. Entretanto, toda a região do Cáucaso, assim como os países da Ásia Central, vêm assistindo uma acirrada disputa pela construção e traçado de novos oleodutos e gasodutos que envolvem três protagonistas: os Estados produtores, os países desejosos em “ceder” seus territórios e portos para o escoamento dos hidrocarbonetos e, é claro, as grandes transnacionais do petróleo. Todo esse processo envolve uma série de interesses que, muitas vezes, não são convergentes.