Muito se fala na atualidade sobre o crescimento econômico da China, sobre a potência que o país está se tornando em termos econômicos. Em parte essas afirmativas são verdadeiras, mas somente parcialmente.
Na verdade, a economia da China vem se tornando muito grande, mas não atinge a todo o território do país por igual, nem tampouco a toda a sua população, ao contrário do que a mídia (televisão, jornais, etc) tem mostrado.
Há uma clara diferenciação entre as porções leste (oriental), central e oeste (ocidental) do país. A porção leste é, historicamente, a de maior importância econômica, industrializada e fortemente urbanizada; já a central é de economia agrária e pobre; a porção oeste também é basicamente agrária, mas apresenta uma ocupação pouco efetiva por parte da população.
A parte oriental (leste), principalmente nas proximidades do litoral pacífico, vem apresentando um maior desenvolvimento fruto da concentração de atividades econômicas de maior rendimento. É justamente nessa porção que se localizam as ZEE’s – Zonas Econômicas Especiais – áreas que têm atraído grandes empresas multinacionais japonesas, européias e estadunidenses em virtude de inúmeras vantagens, como impostos mais baixos, doação de terrenos, baixo preço da mão de obra local, etc. A parte oriental é, portanto, a que possui a melhor e maior infra-estrutura em termos de transportes e telecomunicações do país, além de ser a que mais recebeu investimentos por parte do governo local.
A parte central mantém a sua tradição agrária, com a importância crescente das atividades ligadas ao campo (agricultura e pecuária). É nessa parte que se localizam os chamados cinturões agrícolas ao longo dos vales dos principais rios como o Hoang-Ho (rio Amarelo) – cinturão do trigo –, e o Iang Tse-Kiang (rio Azul) – cinturão do arroz. Nessa região os salários são, em média, a metade da porção oriental.
A parte ocidental (oeste) apesar de compreender mais de 60% da área do país, concentra uma pequena população total, principalmente em virtude das condições físicas de seu território. Há regiões desérticas e altas cadeias montanhosas que dificultam bastante a ocupação humana e, portanto, o desenvolvimento de atividades econômicas mais produtivas. As porções central e oeste apresentam, portanto, uma infra-estrutura mais precária do que a leste.
Como se percebe pelas linhas anteriores, a China é muito desigual em termos territoriais e regionais, já que a porção leste (oriental) tem uma importância econômica maior do que as demais (central e oeste). No entanto, o governo local, comandado pelo PCC – Partido Comunista Chinês – já tem tomado medidas no sentido de interiorizar o crescimento que existe no leste para o centro e oeste do país, através da construção de rodovias e melhoramento da infra-estrutura.
Outra questão que chama a atenção sobre a China é o tamanho de sua população, a maior do mundo, com 1 bilhão e 300 milhões de pessoas. Esse total representa, nada mais nada menos do que um quinto da população mundial.
Cerca de dois terços da população chinesa, aproximadamente 870 milhões de pessoas vivem nas áreas rurais (campo) onde as condições de vida não são nada fáceis. E mesmo na área urbana, nem todos têm acesso às melhorias que vêm ocorrendo no país, pelo contrário, ainda são poucos os que conseguem usufruir dessas questões. Tudo isso ocorre porque há uma enorme desigualdade social e uma grande concentração de renda, ou seja, muitos com pouco ou quase nada e poucos com muito.
Para exemplificar tal fato, basta dizer que a metade da população, cerca 650 milhões de pessoas, vivem com menos de 2 dólares por dia e que em cada dez habitantes, seis não têm acesso a saneamento básico.
Há ainda o que se chama de política do filho único, ou seja, os casais só podem ter um filho e quem desrespeita a lei paga por isso. Esse pagamento, na verdade é feito na forma de pesados impostos sobre cada um dos filhos que o casal tem a mais. Mas, por que existe essa política? O objetivo principal é, sem dúvida, a tentativa de controlar o crescimento populacional, o que leva a população a tomar medidas como a esterilização (no caso das mulheres) ou a vasectomia (homens).
A China em 2003 se tornou o terceiro país do mundo a lançar um homem ao espaço, com o objetivo de dar algumas voltas em torno da Terra. Antes dela, a antiga União Soviética e os Estados Unidos haviam alcançado tal feito.
O governo central, comandado pelo PCC – Partido Comunista Chinês – é um dos mais autoritários do mundo. Além de tomar medidas como a adoção da política do filho único, outras ações vêm sendo tomadas, desagradando a muitas pessoas. Uma delas é o controle de toda a produção jornalística do país e dos acessos à Internet. Cerca de 50 milhões de pessoas têm acesso à rede no país, mas não conseguem se conectar a qualquer site que desejarem, visto que há uma série de proibições a certos temas, como por exemplo “direitos humanos”. Os servidores são obrigados a informar às autoridades sempre que alguém tenta esse tipo de acesso.
Merece destaque ainda, quando se fala de China, o grande número de execuções realizadas fruto da adoção da pena de morte no país. Segundo estimativas, a China é o país campeão mundial em número de execuções (os condenados levam um tiro na nuca) e ainda seus familiares são cobrados pela bala usada na morte.
Sem dúvida nenhuma, a China é o país que mais tem crescido em termos econômicos do mundo nos últimos anos, chegando a incomodar as grandes potências, como os Estados Unidos, o Japão e a Alemanha. No entanto, tal crescimento não tem se traduzido em melhorias significativas para a grande parte de sua população. Apenas uma pequena parcela tem conseguido ter acesso a esses benefícios.