quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Série África: Nigéria

A Nigéria se encontra na porção ocidental (na cor rosa no mapa abaixo) e é o país mais populoso da África, com mais de 120 milhões de habitantes. Como a imensa maioria dos Estados africanos, a Nigéria é uma construção política artificial criada pelos europeus, no caso pelo colonialismo britânico.


Grande parte da população professa a religião muçulmana, principalmente na porção norte do país. Entretanto, o Estado é governado por um presidente cristão. Desde o ano 2000, em cerca de 12 dos mais de 30 estados federados, está em vigor a estrita observância da sharia (lei islâmica que julga casos considerados criminais).

Estes fatos desencadearam confrontos de caráter religioso que deixaram um saldo de mais de duas centenas de mortos e cerca de mil feridos. Os distúrbios aconteceram não só em Abuja, a capital, como também em algumas das principais cidades dos estados do norte do país.

O país, na verdade, é uma verdadeira mistura étnica: mais de 250 etnias, convivem lado a lado, mas três delas são demograficamente dominantes. Na porção norte do país estão os haussas-fulanis, aproximadamente 32% da população total e que em sua maioria professam o islamismo. O sudoeste é a área por excelência dos iorubas, cerca de 21% do efetivo demográfico, parcialmente cristianizados, islamizados e animistas. Por fim, a terceira grande etnia, a dos ibos, cerca de 18%, em grande parte cristãos, têm como núcleo o sudeste do país.

Se os três grandes grupos representam cerca de 70% da população, o restante forma um quarto agrupamento constituído por mais de 240 etnias, algumas delas compostas por apenas alguns milhares de indivíduos, mas que não são destituídas de influência. Com efeito, essas minorias estão bem representados nas forças armadas (instituição de muita influência) e formam a maioria da população nos estados federais do sudeste, onde estão as principais jazidas de petróleo e gás natural.

Deve-se lembrar que a Nigéria é um dos membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo – OPEP e que o petróleo e o gás natural produzidos internamente correspondem às principais riquezas do país, o que perfaz mais ou menos 90% de suas exportações.

Portanto, o arrefecimento de conflitos internos nesse país pode ser explicado por aspectos étnicos, religiosos e econômicos. Todos esses três fatores interagem entre si, perfazendo um quadro caótico de diversidade, poder e, acima de tudo, de conflito.

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