quinta-feira, 26 de julho de 2012

Série Migração: O fenômeno migratório no Brasil - Parte 2

A migração interna no Brasil



As migrações internas, entre áreas ou regiões do Brasil vêm ocorrendo desde a época colonial, embora tenham se intensificado a partir do século XX, notadamente, na segunda metade do século. Dentre essas migrações, destaque para dois subtipos: êxodo rural (campo para cidade) e pendular.


A) O Êxodo Rural


O êxodo rural ou migração campo-cidade é um dos mais importantes movimentos populacionais internos dos últimos tempos não somente no Brasil, como também em diversos países do mundo.


Para se ter uma idéia das proporções do êxodo rural no caso brasileiro, basta dizer que, no período 1950-2000, a população rural diminuiu de 64% para 19%, ou seja, o Brasil transformou-se de país essencialmente rural em país urbano. Observe a tabela a seguir, que mostra a população rural e urbana no Brasil, nesse período:




População rural e urbana no Brasil (1950-2000)





Em números absolutos, o contingente de brasileiros que vivem em cidades passou de cerca de 19 milhões em 1950 para quase 140 milhões em 2000, um aumento de sete vezes em poucas décadas.


Sem dúvida nenhuma, as cidades da região Sudeste do país (São Paulo e Rio de Janeiro, inicialmente, e em seguida, Belo Horizonte e outros centros industriais) foram as que mais receberam esse tipo de migrante. No entanto, tais cidades estavam despreparadas para receber esse grande número de pessoas, o que influenciou em diversos setores.


Por exemplo, os setores de atendimento às necessidades da população – escolas, hospitais, saneamento básico, moradias e empregos – não cresceram na mesma proporção das pessoas, o que transformou determinados espaços da cidade em um verdadeiro caos. Esses fatores levaram ao aumento do processo de favelização (favelas e cortiços), esgoto a céu aberto, ao aumento da violência e criminalidade, prostituição, subemprego e desemprego, dentre outros.


Essas metrópoles tornaram-se sinônimo de sofrimento e decepção para os migrantes que, hoje, cientes dos problemas urbanos e da impossibilidade de contorná-los, têm na volta para a casa o grande sonho, através da chamada migração de retorno.


Mas, quais as causas do êxodo rural? Por que as pessoas saíram do campo para a cidade?



Causas do Êxodo Rural


A industrialização é, sem dúvida, a principal causa do êxodo rural. O progresso gerado pela indústria faz com que as cidades exerçam grande atração sobre o homem do campo. Essa atração ocorre, basicamente, a partir da possibilidade de maiores oportunidades de melhoria de vida (emprego, profissões, etc.) e dos melhores serviços (assistência médica, saneamento, eletricidade, etc.) que a cidade oferece em relação ao campo. O problema é que muitas vezes as pessoas acabam vivendo em situações muito piores do que viviam no campo porque não conseguem acesso a todas essas questões.


Nem sempre porém, as pessoas abandonam o meio rural porque são atraídas pela cidade. Muitas vezes, ocorre o êxodo porque as pessoas são forçadas a abandonar o campo, ou seja, há causas repulsivas, que as expulsam. Por exemplo, mecanização do campo (substituição do trabalho humano por máquinas), causando desemprego; concentração das terras em mãos de uma minoria de proprietários; baixos salários; falta de escolas e de empregos; desastres naturais (secas, geadas, etc.); solos esgotados, etc.

Situação hipotética retratando o êxodo rural

Senhor Carlos agora é um morador da cidade grande. Ele foi para o Rio de Janeiro 35 anos atrás em busca de emprego e fugindo das péssimas condições de vida. Na zona rural de Caruaru (Pernambuco) não havia tratamento de esgoto, o hospital era muito longe e ainda por cima faltava água na maior parte do ano. Hoje senhor Carlos e sua família vivem na favela da Rocinha e parece que sua vida não melhorou tanto.

Um comentário:

João Monti disse...

Esclarecedor! Os movimentos migratórios são muito importantes para a geografia.